O Segundo maior investidor do mundo<br>em investigação e desenvolvimento
E esta, hem? - parece mesmo que estou a ver e a ouvir Fernando Pessa vinda da RTP. Tudo indica que em 2006 a China passou a ser o segundo maior investidor do Mundo em Investigação & Desenvolvimento (I&D), segundo somos informados desde a OCDE. É uma notícia que vem mesmo a calhar para incluir no balanço de fim do ano de 2006. Hão-de dizer: lá está o tipo outra vez a fazer propaganda pró-chinesa; aquilo é uma obsessão. Será. Mas os factos são cada vez mais fortes. E quase já me apetece referir que o Mundo já mudou, em vez de continuar a dizer que está a mudar.
Antes - recorda-se -, e se bem me lembro já em 2005, tinha sido a vez da China ter passado a maior exportadora do mundo de computadores. Nessa altura ainda se falou que a parte chinesa de valor nestes equipamentos seria relativamente pouco importante. Seria.
Mas também já se sabia da força que os fabricantes chineses de telecomunicações, nomeadamente a Huawei, estavam a ter no mercado «global». Sabia-se, por exemplo, a parte importante que esta fabricante tinha conseguido no «bolo» do refazer das infra-estruturas da BT (British Telecom) com base em tecnologia «Internet», um refazer, já a caminho, num valor total de uma dezena de biliões de libras. Aliás, é este o primeiro caso de reestruturação de infra-estruturas de telecomunicações, o do Reino Unido, mas os outros não se farão esperar. Num registo menos impressionante, e ainda nas telecomunicações, é o caso da substituição das infra-estruturas da VIVO - a maior operadora móvel da América do Sul, controlada em partes iguais pela Telefónica e pela PT - pela tecnologia GSM, uma norma originada na Europa, onde a Huawei é fornecedora. Huawei que tem uma força de I&D contando para cima de 20 000 trabalhadores.
Exemplos de dois sectores ditos avançados ou de ponta.
Vamos então aos factos apurados pela OCDE. Segundo, Dirk Pilat, Chefe da Divisão de Política Científica e Tecnológica da OCDE, citado em comunicado, é espectacular a «rápida progressão da China em termos tanto de despesa em I&D como de emprego de investigadores». Concretamente, o montante do investimento em I&D passou de 17 biliões de dólares em 1995 para 94 biliões de dólares em 2004, o que corresponde a uma taxa de crescimento superior à do Produto Nacional Bruto (PNB) no mesmo período, a qual andou por 9 - 10% por ano. Feitas as contas, verifica-se que a intensidade em I&D - isto é, a percentagem do investimento em I&D relativamente ao PNB - duplicou, passando de 0,6% para 1,2%. Quanto ao número de investigadores, e para o mesmo período, o aumento verificado foi de 77%, ou seja, passou de 523 mil para 926 mil (o que compara com 1,3 milhões de investigadores empregados nos EUA).
Ora, em 2006, em vez dos 94 biliões de dólares investidos, terão sido uns 136 biliões de dólares, contra os 130 biliões de dólares no caso do Japão que era, até ao presente, o segundo maior investidor do mundo em I&D. Os EUA, os primeiros, deverão perfazer uns 330 biliões de dólares. E já agora, na região onde estamos integrados, para efeitos de comparação, refira-se que o total da UE a 15, com os seus pesos [relativamente] pesados como é o caso da Alemanha, da França e do Reino Unido, corresponde a 230 biliões de dólares - o que quer dizer que, se estamos mal dentro da nossa Região, e esta já não está muito bem na fotografia, talvez não devêssemos estabelecer as nossas metas com base na UE mas antes noutros índices um pouco mais ambiciosos… contudo, isto são outros contos (é verdade, sei que mesmo em relação à UE a 25 estaremos a recuar).
E como estamos com as mãos nesta massa vamos ainda a mais alguns factos. Assim, o país que se encontra em quarto lugar mundial em número de investigadores é a Rússia. Singapura emprega mais investigadores por mil trabalhadores que a média da OCDE, dos países «ricos». E já agora notar ainda que a quantidade de patentes originárias de países chave do Sul no processo de mudança mundial está a aumentar rapidamente - o total da África do Sul, Brasil, China e Índia, que representava 0,15% do total em 1991, passou em 2002 para 0,58% do total mundial de patentes, o que tem importante significado em termos de qualidade das suas actividades de I&D e autonomia.
Claro que não é só a China a mudar, outros também vêm a caminho. Mas a China é decisiva pela sua dimensão e posição e também em termos de limpar teias de aranha das cabeças de líderes empresariais, políticos e de opinião.
Antes - recorda-se -, e se bem me lembro já em 2005, tinha sido a vez da China ter passado a maior exportadora do mundo de computadores. Nessa altura ainda se falou que a parte chinesa de valor nestes equipamentos seria relativamente pouco importante. Seria.
Mas também já se sabia da força que os fabricantes chineses de telecomunicações, nomeadamente a Huawei, estavam a ter no mercado «global». Sabia-se, por exemplo, a parte importante que esta fabricante tinha conseguido no «bolo» do refazer das infra-estruturas da BT (British Telecom) com base em tecnologia «Internet», um refazer, já a caminho, num valor total de uma dezena de biliões de libras. Aliás, é este o primeiro caso de reestruturação de infra-estruturas de telecomunicações, o do Reino Unido, mas os outros não se farão esperar. Num registo menos impressionante, e ainda nas telecomunicações, é o caso da substituição das infra-estruturas da VIVO - a maior operadora móvel da América do Sul, controlada em partes iguais pela Telefónica e pela PT - pela tecnologia GSM, uma norma originada na Europa, onde a Huawei é fornecedora. Huawei que tem uma força de I&D contando para cima de 20 000 trabalhadores.
Exemplos de dois sectores ditos avançados ou de ponta.
Vamos então aos factos apurados pela OCDE. Segundo, Dirk Pilat, Chefe da Divisão de Política Científica e Tecnológica da OCDE, citado em comunicado, é espectacular a «rápida progressão da China em termos tanto de despesa em I&D como de emprego de investigadores». Concretamente, o montante do investimento em I&D passou de 17 biliões de dólares em 1995 para 94 biliões de dólares em 2004, o que corresponde a uma taxa de crescimento superior à do Produto Nacional Bruto (PNB) no mesmo período, a qual andou por 9 - 10% por ano. Feitas as contas, verifica-se que a intensidade em I&D - isto é, a percentagem do investimento em I&D relativamente ao PNB - duplicou, passando de 0,6% para 1,2%. Quanto ao número de investigadores, e para o mesmo período, o aumento verificado foi de 77%, ou seja, passou de 523 mil para 926 mil (o que compara com 1,3 milhões de investigadores empregados nos EUA).
Ora, em 2006, em vez dos 94 biliões de dólares investidos, terão sido uns 136 biliões de dólares, contra os 130 biliões de dólares no caso do Japão que era, até ao presente, o segundo maior investidor do mundo em I&D. Os EUA, os primeiros, deverão perfazer uns 330 biliões de dólares. E já agora, na região onde estamos integrados, para efeitos de comparação, refira-se que o total da UE a 15, com os seus pesos [relativamente] pesados como é o caso da Alemanha, da França e do Reino Unido, corresponde a 230 biliões de dólares - o que quer dizer que, se estamos mal dentro da nossa Região, e esta já não está muito bem na fotografia, talvez não devêssemos estabelecer as nossas metas com base na UE mas antes noutros índices um pouco mais ambiciosos… contudo, isto são outros contos (é verdade, sei que mesmo em relação à UE a 25 estaremos a recuar).
E como estamos com as mãos nesta massa vamos ainda a mais alguns factos. Assim, o país que se encontra em quarto lugar mundial em número de investigadores é a Rússia. Singapura emprega mais investigadores por mil trabalhadores que a média da OCDE, dos países «ricos». E já agora notar ainda que a quantidade de patentes originárias de países chave do Sul no processo de mudança mundial está a aumentar rapidamente - o total da África do Sul, Brasil, China e Índia, que representava 0,15% do total em 1991, passou em 2002 para 0,58% do total mundial de patentes, o que tem importante significado em termos de qualidade das suas actividades de I&D e autonomia.
Claro que não é só a China a mudar, outros também vêm a caminho. Mas a China é decisiva pela sua dimensão e posição e também em termos de limpar teias de aranha das cabeças de líderes empresariais, políticos e de opinião.